COMPETITIVIDADE E COORDENA O
DE SISTEMAS AGROINDUSTRIAIS:
UM ENSAIO CONCEITUAL
Elizabeth M.M.Q. Farina
v.6, n.3, p. 147-161, dez. 1999
Departamento de Economia
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Universidade de São Paulo
E-mail: emmqfari@usp.br
Resumo
A competitividade ganhou o lugar de destaque nos debates sobre política industrial dos anos 80 e
90. Este artigo retoma a discussão sobre o conceito de competitividade, aplicando-o a sistemas agroindustriais. São discutidos os pressupostos necessários para estender o conceito da firma para sistemas e suas limitações. Sistemas agroindustriais são definidos como nexos de contratos que viabilizam as estratégias adotadas pelos diferentes agentes econômicos envolvidos nas várias dimensões do agronegócio. A abordagem contratual permite introduzir explicitamente a coordenação intersegmentos como um dos fatores determinantes da competitividade. A Economia dos Custos de
Transação e a Teoria da Organização Industrial fornecem o arcabouço analítico para desenvolvimento da análise.
Palavras-chave: competitividade, concorrência, custos de transação, coordenação, agronegócios.
1. Introdução
N
os últimos dez anos a noção de competitividade permeou boa parte do debate sobre política econômica no mundo. Para um país integrado à economia global, a competitividade
internacional é necessária para evitar a estagnação e o declínio econômico, tornando-se um objetivo de política inquestionável. Ao mesmo tempo, pouco se avançou em como esse conceito pode ser estendido para além da fronteira das firmas e como a busca da competitividade
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Farina – Competitividade e Coordenação de Sistemas Agroindustriais
coexiste com interesses mais amplos da comunidade ou das nações (DEVINE, 1996:1).
Competitividade tem um claro significado quando aplicado a empresas. É impossível, contudo, que uma nação seja competitiva em todas as indústrias, o que gera grande dificuldade de tratar da competitividade das nações.
O presente