COMPARAÇÃO ENTRE A CONCEPÇÃO DE LINGUAGEM
O sistema jurídico compreende em seus textos algumas características especiais que necessitam de um intérprete adequado para dar-lhe sentido. Dessa forma, a norma pode ser pensada como texto legal mais interpretação, uma vez que sua aplicação mecânica não é suficiente diante da complexidade da sociedade. Portanto, a interpretação é importante para saber qual visão da linguagem o intérprete carrega, e tal fato, torna a hermenêutica uma importante disciplina a ser estudada durante o curso de direito.
As palavras são os elementos primordiais para formação de frases que possuem sentido, podendo ser interpretadas de diferentes maneiras. Diante disso, muitos filósofos se dedicaram a estudar sobre a concepção de linguagem e a origem das palavras, assim como o motivo de haver adequações dos nomes às coisas que eles representam, visando aprender sobre a interpretação que se pode conseguir a partir da análise das palavras e de sua origem. Sobre esse tema, concentro-me na comparação entre a filosofia da linguagem de Platão, mais especificamente no diálogo Crátilo; com as Investigações Filosóficas de Wittgenstein.
Crátilo
Esse diálogo de Platão é fundamentado nas divergências e conseqüências entre as concepções do pensamento de Crátilo, Hermógenes e Sócrates, a respeito da linguagem como fonte de conhecimento. O objetivo dos diálogos era permitir a polifonia, a pluralidade de perspectivas. Nesse período, era freqüente a discussão sobre a linguagem e o significado das palavras, uma vez que os gregos possuíam a tradição de interpretar seus poemas e encontrar nas palavras, rigorosamente, seu significado.
Crátilo apresenta uma filosofia de linguagem naturalista, ou seja, de que a linguagem expressa a natureza das coisas, e que entre o nome e a coisa existe uma relação de necessidade. Segundo ele, a explicação do ato de nomear era que, cada coisa leva em seu nome, uma