Compagnon, antoine – resenha
Como se deve abordar um texto literário? Deve-se, por exemplo, procurar informações sobre o autor ou o contexto histórico e cultural em que o texto foi escrito? O que é mais importante, o estilo ou o conteúdo? Haverá uma leitura objetiva, ou tudo depende da subjetividade do leitor? Para essas perguntas, entre outras, a teoria literária reivindicou oferecer respostas inovadoras. Essa disciplina, que alcançou seu auge na França nos anos 1960, principalmente com Roland BARTHES (1915-1980), estava na vanguarda dos estudos literários no mundo e sua ambição era fundar uma ciência da literatura. Animada por um real espírito combativo, a teoria literária pretendia revolucionar os estudos acadêmicos e devolver a literatura ao centro das preocupações sociais. Ela denunciou continuamente um determinado número de idéias geralmente aceitas: já não era possível, por exemplo, acreditar que a intenção do autor determinava a significação de um texto, que a literatura fala do mundo ou que sua essência é o estilo... Era necessário acabar com esses “fatos falsos” aceitos com demasiada facilidade pelo sentido comum. Mais de vinte anos depois, tem-se de admitir que a teoria literária não conseguiu atingir seu alvo. Parece que o senso comum, tão depreciado, resistiu a todos os ataques: as intenções do autor despertam ainda nosso interesse; sentimos ainda que a literatura remete ao mundo e ainda somos sensíveis a seu estilo... É conseqüentemente hora de avaliar a situação. Ao tomar como foco, neste livro, sete noções que estão no âmago dessas controvérsias literárias — a literariedade, o autor, o mundo, o leitor, o estilo, a história e o valor — e tentando traçar sua genealogia, Antoine COMPAGNON oferece essa avaliação. Mostra assim que o fracasso da teoria literária vem de seu hábito de levar a extremos absurdos críticas que poderiam, se assim não fosse, se justificar. Logo, melhor que se deixar apanhar em oposições radicais, Antoine Compagnon opta por uma