Como questionamos a subjetividade e a objetividade alheia indevidamente
A mineira �rika Kelly Coimbra, 17 anos, � a maior sensa��o da Superliga Feminina de V�lei. Gra�as a seus ataques fulminantes, o Rexona de Curitiba � o l�der absoluto da competi��o, na qual entrou como reles figurante. Na semana passada, �rika se tornou o centro de uma pol�mica delicada. Dirigentes de clubes advers�rios pediram seu afastamento do campeonato levantando d�vidas sobre a feminilidade da atleta. As suspeitas se baseiam num exame feito por �rika no ano passado, no qual se detectou uma taxa anormal de testosterona, um horm�nio masculino. Em defesa da atleta, o m�dico Eduardo Henrique de Rose apresenta um laudo em que atesta ser ela "do sexo feminino dentro do conceito adotado pela comiss�o m�dica do COI, o Comit� Ol�mpico Internacional".
Os regulamentos determinam que uma atleta reprovada no exame de feminilidade seja afastada do esporte. Caso o resultado n�o seja conclusivo, novos testes devem ser feitos. Foi o que ocorreu com �rika. Reprovada no teste realizado durante o campeonato mundial juvenil, na Pol�nia, ela voltou ao Brasil e se submeteu a uma bateria de exames hormonais e ginecol�gicos comandada por De Rose, integrante da comiss�o m�dica do COI. E foi aprovada. "Em nossa avalia��o, a atleta � tipicamente feminina, n�o existe a menor d�vida", afirma De Rose. No relat�rio que mandou para a CBV, o m�dico recomenda que �rika seja submetida a tratamento hormonal e tamb�m a uma cirurgia ginecol�gica corretiva. A raz�o da cirurgia � que, al�m da taxa de testosterona acima do normal, a atleta n�o teria �tero e ov�rio inteiramente formados. "Por si s�, a aus�ncia de �tero e ov�rio n�o afeta a condi��o de feminilidade de uma mulher", afirma o geneticista D�cio Brunoni, da Universidade Federal de S�o Paulo. H� dois anos, Brunoni tratou da judoca Edinanci Fernandes da Silva, outra atleta que teve sua feminilidade questionada e continua competindo como mulher