Burocracia e Educação Moderna – Anotações a partir de Max Weber Alonso Bezerra de Carvalho Departamento de Educação – FCL – Unesp/Assis A educação contemporânea, herdeira dos valores modernos, não se conscientizou das profundas transformações pelas quais passou a sociedade: tanto nas novas idéias, que o mundo atual gera, como nos comportamentos que daí advêm. Ainda viveríamos num mundo burocratizado. Este trabalho pretende refletir sobre um dos temas que compõem o arcabouço teórico da sociologia weberiana, fazendo a sua interface com a educação. A compreensão da dominação burocrática constitui elemento fundamental para entendermos os dilemas por que passam os homens no mundo, que teria se tornado cada vez mais racionalizado. No funcionamento do mecanismo burocrático há uma otimização da organização, em que tudo deve ser preciso, constante e rápido. O cumprimento “objetivo” das tarefas significa, primordialmente, um cumprimento de tarefas segundo regras calculáveis e “sem relação com pessoas”. Quando plenamente desenvolvida, a burocracia moderna se coloca sob o princípio do sine ira et studio. Sua natureza específica, bem recebida pelo capitalismo, desenvolve-se mais perfeitamente na medida em que é “desumanizada”, na medida em que consegue eliminar da conduta humana o amor, o ódio e todos os elementos pessoais, irracionais e emocionais que fogem ao cálculo. Esse caráter burocrático do mundo repercute na ação educativa, sobretudo quando a liberdade e a autonomia são impedidas de serem vivenciadas pelos indivíduos. Ser mortal, o homem constrói sua liberdade no tempo, no tempo desta vida que deve ser transformado no tempo da dignidade humana. Para isso, é preciso considerar necessário o enfrentamento do mundo burocrático, que estabelece um cenário frio, calculista - violentando os homens -, para que o mundo e a vida não deixem de ser apenas uma possibilidade abstrata. Essa deve ser a responsabilidade da ação educativa.