Comitês de Fábrica do Estado Soviético
Quando a revolução de março estourou, os proprietários e administradores de várias fábricas fugiram ou foram expulsos pelos trabalhadores, principalmente nas fábricas do governo, onde os trabalhadores sofriam nas mãos de burocratas irresponsáveis nomeados pelo Czar. Sem superintendentes, supervisores e, em muitos casos, engenheiros e contadores, os trabalhadores encontraram-se frente à alternativa de manter o trabalho funcionando ou morrer de fome. Um comitê foi eleito, um delegado de cada seção ou departamento, para dirigir a fábrica. É claro que no começo esse plano parecia absurdo. As funções dos diferentes departamentos até poderiam ser coordenados dessa forma, mas a falta de treinamento técnico dos trabalhadores produziram resultados grotescos.
Finalmente, houve uma reunião do comitê em uma das fábricas, onde um trabalhador se levantou e disse:
“Camaradas, por que precisamos nos preocupar? A questão do conhecimento técnico não é difícil. Lembremo-nos que o patrão não era um expert, ele não conhecia nada de engenharia ou química ou contabilidade. Tudo que ele sabia era ser dono. Quando ele queria ajuda técnica, contratava gente para fazer isso para ele. Bem, nós agora somos os patrões. Vamos contratar engenheiros, contadores e eles vão trabalhar para nós!”
Nas fábricas do governo, o problema era relativamente mais simples, já que a Revolução automaticamente removeu o “patrão” que nunca foi substituído. Mas quando os Comitês de Fábrica se espalharam para as empresas privadas, foram violentamente atacados pelos seus donos, cuja maioria tinha acordos com os sindicatos.
Nas indústrias privadas, também, os comitês de fábrica eram o produto da necessidade. Depois dos três primeiros meses da Revolução, durante a qual as organizações da classe média e do proletariado trabalharam em conjunto em uma harmonia utópica, os capitalistas industriais começaram a ficar com medo do poder crescente e da ambição das organizações dos trabalhadores –