Comentários sobre “Meninão do caixote” de João Antônio
Em “Meninão do caixote”, o narrador de João Antônio é o protagonista do conto. A narrativa se passa em primeira pessoa, com algumas transcrições de falas de outras personagens e de situações diversas; algumas falas diretas de outras personagens aparecem, entretanto, espaçadas ao longo do conto. É importante destacar também que em alguns momentos, antes de o narrador identificar-se em primeira pessoa, há uma mudança de foco narrativo: o narrador faz uso de terceira pessoa para depois indicar que referia-se a si próprio.
No que diz respeito ao que se passa no conto, bem no início é possível perceber que o narrador-personagem – Meninão do caixote – possui uma relação muito mais próxima e amigável com seu pai que com sua mãe. Enquanto o pai faz a figura de amigo, o que brinca e o trata bem sempre que está presente, o que é raro, pois passa meses fora, a mãe faz o papel de repreendedora e impaciente. Ele até mesmo questiona: “[...] por que sempre nervosa?”.
Ao mudar-se de Vila Mariana, lugar que descreve com bastante afeição, onde tinha o seu primo e amigo Duda, com quem brincava e se divertia muito, para a Lapa, onde “numa rua sem graça, papai viajando no seu caminhão, na casa vazia só os pés de mamãe pedalavam na máquina de costura até a noite chegar,” ele [meninão do caixote] encontrou no jogo de sinuca seu novo meio de diversão. Esta, que se torna um vício, atrapalha os seus estudos e entristece sua mãe, pois ele até mesmo sai e volta para casa pela janela para poder jogar.
Vitorino, descrito como “[...]o dono da bola. Um cobra. O jeito camarada ou abespinhado de Vitorino, chapéu, voz, bossa, mãos, seus olhos frios medidores. O máximo, Vitorino. No taco e na picardia,” é uma espécie de empresário do narrador-personagem, além de professor. Todas as técnicas do jogo, os primeiros passos e regras são introduzidos por Vitorino. O nome de “meninão do caixote” é dado também por ele, já que todos