Comentário sobre “o processo” de franz kafka e a resenha produzida por mônica sette lopes

COMENTÁRIO SOBRE “O PROCESSO” DE FRANZ KAFKA E A RESENHA PRODUZIDA POR MÔNICA SETTE LOPES

Em seus comentários acerca do livro de Franz Kafka, “O Processo”, e sua adaptação para o cinema produzida por Orson Welles, a juíza Mônica Sette Lopes retrata com sensibilidade sua experiencia no judiciário brasileiro, descrevendo de forma sensorial, ilustrativa, os reflexos da burocratização e a desumanização do sistema jurídico ao distanciar o processo de seus sujeitos.
Conseguimos claramente encontrar correspondências entre o tratamento dado à sociedade brasileira e a Joseph K.: seu protagonismo politico e social é despersonalizado a ponto de o imobilizar diante de seus direitos, a Lei é enaltecida, colocada acima de tudo, acima de quem vive a vendo ser aplicada ou não. Burocratizamos as esferas públicas, as formalizamos, isolando qualquer espaço de busca por efetivação de direitos da população. Não há margem para flexibilização quando se trata de um direito penal mínimo, de erradicar a criminalização da pobreza e dos movimentos sociais, ou no sentido processual, a flexibilização das normas procedimentais para derrubar uma das barreiras entre a população e a inacessível justiça, mas sempre haverá margem para reduzir a aplicabilidade do direito de um trabalhador. Com a roupagem de defender a Lei, o Direito é violado. Tornamos-nos juristas que não conseguem ver em cada pilha de processos, as vidas que também esperam. Buscamos um ideal de imparcialidade, fingindo desconsiderar que as pessoas que esperam não estão ali por consequência de um sistema econômico parcial, que leva à criminalização da pobreza e o acesso pleno à justiça, à celeridade, ao contraditório de fato somente aos poucos privilegiados, que podem pagar, que podem ler, que conhecem seus direitos.
As desigualdades de poder econômico e politico na sociedade, principalmente entre trabalhadoras e trabalhadores e os detentores do grande capital, obviamente se reproduzem no âmbito jurídico e são levada para o