comentário sobre crõnica Maneira de amar
Carlos Drummond de Andrade "O jardineiro conversava com as flores e elas se habituaram ao diálogo. Passava manhãs contando coisas a uma cravina ou escutando o que lhe confiava um gerânio. O girassol não ia muito com sua cara, ou porque não fosse homem bonito, ou porque os girassóis são orgulhosos de natureza. Em vão o jardineiro tentava captar-lhe as graças, pois o girassol chegava a voltar-se contra a luz para não ver o rosto que lhe sorria. Era uma situação bastante embaraçosa, que as outras flores não comentavam. Nunca, entretanto, o jardineiro deixou de regar o pé de girassol e de renovar-lhe a terra, na devida ocasião.
O dono do jardim achou que seu empregado perdia muito tempo parado diante dos canteiros, aparentemente não fazendo coisa alguma. E mando-o embora, depois de assinar a carteira de trabalho.
Depois que o jardineiro saiu, as flores ficaram tristes e censuravam-se porque não tinham induzido o girassol a mudar de atitude. A mais triste de todas era o girassol, que não se conformava com a ausência do homem. "Você o tratava mal, agora está arrependido?" "Não, respondeu, estou triste porque agora não posso tratá-lo mal. É a minha maneira de amar, ele sabia disso, e gostava."
COMENTÁRIO
Na crônica Carlos Drummond de Andrade nos mostra diferentes tipos de amor, aqueles que se demonstram e outros que amam de uma maneira diferente. O jardineiro tratava todas as flores de igual forma, independente de como seu amor por elas era demonstrado. Embora o girassol não demonstrasse, ele sabia que se importava e também o amava, porém do seu jeito. Mas infelizmente a crônica nos mostra que também existem aqueles que desvalorizam pequenos gestos, assim como o patrão do jardineiro não reconheceu que seu belo jardim era fruto do amor daquele empregado, existem pessoas que desconhecem o poder do amor na vida de cada um de nós, em um pequeno gesto está uma grande recompensa. E depois que se perde o instrumento do amor se fica questionando