Colonização portuguesa e a formação de identidades regionais: São Paulo, Servidão ou Aliança?
Sandra M. Roth Eckhardt*
Este trabalho tem como pretensão trazer uma breve visão sobre a formação das identidades regionais no período colonial brasileiro (XVI-XIX), dando ênfase para a identidade regional dos luso-brasileiros paulistas. Vistos pelas capitanias do nordeste, do século XVII, como aqueles que enfrentaram a natureza com coragem e bravura, essa era a fama paulista.
Os paulistas foram se consolidando como os responsáveis pelo avanço da colonização portuguesa na América, isso, no entanto, não lhes atribui um título de pessoas de bem, muito pelo contrario, conforme penetravam no sertão conquistavam admiradores e inimigos, tanto pelos seus grandes feitos aprisionando selvagens, como também pelo medo que lançavam sobre os “ingovernos”.
Esse pioneirismo bandeirante paulista durante muito tempo foi alvo de exaltação de diversos historiadores do século XX, para consolidação de uma identidade positiva da capitania de São Paulo. Laura de Mello e Souza1 sita diversos autores que segunda ela se deixaram fascinar por essa “poesia bandeirante”, preocupados na consolidação de uma imagem majestosa da capitania de São Paulo.
Uma sociedade preocupada e empenhada em conquistar terras para o rei de Portugal, esse foi o foco de diversos historiadores para explicar a capitania paulista e as relações com as demais regiões do Brasil, reforçando o carácter corporativo da monarquia portuguesa. Na qual, segundo Hespanha e Xavier2, “monarquia cujos encargos correspondem basicamente à estrutura feudal-corporativa do benefício”, ou seja, na qual os homens da colônia prestavam serviços a monarquia devido à lealdade ao rei, pelo fato de se sentirem parte dessa sociedade corporativa, na qual cada indivíduo deveria exercer uma função específica para o funcionamento desse corpo, cabendo ao rei “manter a harmonia entre todos os membros, atribuindo a cada um aquilo que lhe é