Colheiras e grilhões - analise de dogville e manderlay

Universidade Estácio de Sá
Cinema - Campus Tom Jobim

COLEIRAS & GRILHÕES

Uma análise sobre dominação e subserviência nos filmes “Dogville” e “Manderlay”

João Henrique Pires Soares

Junho de 2009

INTRODUÇÃO

“ESTOICISMO, s. m. sistema filosófico (fundado por Zenão no século III a. C.) que pretendia tornar o homem insensível a todos os males físicos e morais. || (Fig.) Austeridade de caráter, rigidez de princípios, firmeza, resignação contra a dor ou adversidade. || F. Estóico. ” [1]

São diversos os campos de estudo que objetivam entre outras coisas analisar a dominação do homem pelo homem, e consequentemente a subserviência dos indivíduos. Essa analise irá percorrer desde o conceito de sado-masoquismo analisado por Freud nos Três Ensaios Sobre Sexualidade, aos estudos de Max Weber envolvendo poder, dominação e disciplina. A principal característica desse projeto é dialogar com as áreas da psicologia, sociologia e antropologia para estruturar o conceito da dominação, presente nas obras cinematográficas do diretor dinamarquês Lars von Trier, “Dogville” (2003) e “Manderlay” (2005). Nos dois filmes pode-se observar aspectos referentes a exploração e submissão humana, assim como assinalar a importância da estética adotada por Lars Von Trier para criar o impacto desejado sobre os espectadores, dialogando com as idéias do dramaturgo alemão Bertolt Brecht. Dogville nos apresenta Grace, a protagonista de ambos os filmes, ela surge na cidade foragida de um grupo de gângster e procurada pela polícia. Dogville era uma pequena cidade com pouquíssimos habitantes com uma vida rotineira e pacata. A cidade tinha um aspecto triste, e seus moradores acomodados e acostumados com a rotina não faziam qualquer movimento de mudança apesar de descontentes aceitavam sua vida, a tal ponto que transmitiam a filosofia estóica para as crianças da