Coisas
INTRODUÇÃO
O filósofo escocês David Hume tem um importante papel dentro da filosofia moderna. Empirista na linha de John Locke, para quem a mente seria uma tabula rasa, uma folha de papel em branco a receber impressões pela experiência sensível, concebe o conhecimento se dando de duas formas: impressões e idéias. As primeiras seriam percepções mais vivazes, enquanto as últimas seriam reflexões sobre as sensações, que nunca atingiriam o grau de vivacidade das impressões.
Ao afirmar que todo conhecimento só se adquire empiricamente, Hume nega a possibilidade de uma ciência metafísica e seu ceticismo faz com que Kant declare, em sua Crítica da Razão Pura, que foi o filósofo escocês quem o fez despertar de seu "sono dogmático".
1. Da contingência das afirmações sobre os fatos
O projeto científico moderno se baseava na produção de um conhecimento universal e necessário. Tal foi a intenção de Descartes ao escrever o Discurso do Método.
No entanto, Hume contesta a possibilidade deste tipo de conhecimento no que diz respeito aos fatos. A única forma de conhecimento que se pode ter sem uma experiência anterior seria o de um certo matiz de cor que faltasse numa gradação de matizes de uma mesma cor. Entretento, este exemplo é tão singular que não merece muita atenção do autor.
Ele divide os objetos da razão entre relações de idéias e de fatos. No primeiro gênero estão todas as afirmações intuitivamente ou demonstrativamente certas, como as proposições da Geometria, Álgebra e Aritmética. São verdades cuja demonstração se mostra sempre certa e evidente, independentemente da existência de tais formas geométricas ou matemáticas na natureza.
Já sobre o segundo gênero, o da relação dos fatos, não se pode chegar à mesma evidência que o primeiro. Para Hume, por mais evidência que se chegue sobre os fatos, seu contrário também não é contraditório, portanto, uma afirmação neste campo é contingente:
"As questões de fato, que formam os