Cognição e linguagem
PROCESSAMENTO DA LINGUAGEM: CONTRIBUIÇÕES DA NEUROLINGÜÍSTICA Lílian Cristine Scherer1 Rosângela Gabriel2
RESUMO
A implementação das técnicas de neuroimagem no estudo da cognição humana, incluindo a linguagem, possibilitou a ampliação de nosso conhecimento sobre o funcionamento do cérebro humano com ou sem lesão. No caso específico da linguagem, esse avanço fez florescer uma nova área de investigação, a neurolingüística (ou
neuropsicolingüística, como vem recentemente sendo chamada). O presente artigo trata do escopo de estudo dessa nova ciência, revisando os seus principais campos de investigação, apresentando as principais contribuições por ela trazidas nos últimos anos, suas limitações e seus rumos. O artigo aborda sobretudo os estudos sobre o funcionamento normal da linguagem em adultos.
Palavras-chave: Neurolingüística. Neuroimagem. Linguagem. Cérebro.
1 NEUROLINGÜÍSTICA: CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
O uso do termo “neurolingüística” gera grande confusão no Brasil, especialmente em contextos não acadêmicos. O termo é usado popularmente para denominar cursos rápidos que prometem técnicas para desenvolver liderança, motivação e pensamento positivo, partindo da hipótese de que podemos "reprogramar" a mente a fim de atingir o "sucesso". A neurolingüística ou programação neurolingüística (PNL) seria uma espécie de manual de auto-ajudai. Contudo, essa acepção do termo não condiz com a etimologia da palavraii, sendo completamente ignorada pelo Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2001), que traz apenas a seguinte definição: neurolingüística é a “ciência que estuda as relações entre a estrutura do cérebro humano e a capacidade lingüística, com atenção especial à aquisição da
Signo. Santa Cruz do Sul, v. 32 n 53, p. 66-81, dez, 2007.
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linguagem e aos distúrbios da linguagem, especialmente os que se seguem a lesões cerebrais”. No contexto científico internacional, o termo em inglês