Classe Social em Raymond Aron

As condições econômicas oriundas de relações antagônicas e desiguais são essenciais na definição que Marx dá para o conceito de “classe”. No entanto, há outros fatores não econômicos que explicam as desigualdades. Diante disso, responda a essa questão proposta por Raymond Aron: “em que medida os trabalhadores nas fábricas têm a mesma maneira de ser, de viver, de repartir seus gastos, o mesmo sistema de pensamento e de valores?”, comparando com a definição de classe de Marx.
Na sociedade moderna de produção capitalista, Marx identifica a existência de três grandes classes. A classe capitalista dominante, formada por aqueles que são detentores dos meios de produção, do capital e que têm como fonte de renda o lucro. De forma antagônica a ela, encontra-se o proletariado, aqueles que não possuem os meios de produção e que vendem sua força de trabalho com fonte de receita. Além delas, Marx também reconhece como classe os proprietários de terra, que têm como fonte de renda os lucros fundiários.
Porém, embora essas três classes sejam formadas por indivíduos que possuem em comum a origem de suas rendas, elas ainda apresentam consideráveis disparidades internas. Ainda que constituam uma mesma classe, assalariados, capitalistas e proprietários de terra não apresentam homogeneidade universal em suas características. Por isso, é preciso avaliar e considerar fatores que vão além de questões econômicas associadas às fontes e formas de renda. Nesse sentido, Raymond Aron ressalta que dois indivíduos, embora exercendo a mesma função produtiva, não apresentam as mesmas percepções acerca da realidade ao redor, porque é o olhar que cria essa realidade, e o olhar é construído pelo conjunto de inúmeros fatores. Não é possível conglomerar dentro das mesmas definições o proletariado de todo mundo. É preciso considerar também seus modos particulares de vida, seus hábitos locais, seus níveis de renda, suas formas de organização de trabalho, suas especificidades culturais, a realidade