Clarice Lispector ensaio
Clarice Lispector é considerada uma das escritoras que transformou os padrões institucionais da escrita literária da época, apresentando através de seus personagens situações e conflitos vivenciados no dia a dia fazendo com que as pessoas se identifiquem com sua obra. (BARRAGAN, 2012,p.01).
Ao mesmo tempo em que traz para suas obras características de movimentos passados, Clarice foge de toda forma do convencionalismo, pois nas suas obras deparamo-nos com a ausência, do inicio, do meio e do fim.
Clarice traz consigo a perspectiva intimista, com base nas ideias de Freud, onde buscava sempre em suas obras o desejo de investigação e sondagem do mundo interior, sem deixar de levar em conta as características de cada ser. Preocupando-se com o interior de todos os personagens, cada região da mente, e os pensamentos que habitam as cabeças alheias.
E é essa perspectiva intimista que podemos observar claramente no conto a ser analisado intitulado “Uma Galinha”; desde o próprio título e a sequência de dois parágrafos seguintes, já nota-se a insignificância da galinha: “Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.” Era uma galinha já demonstra que era qualquer galinha; e não havia importância nela.
“Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio.” A galinha foi tratada com indiferença, nem interessava se era gorda ou magra. E até quando a galinha estufou o peito e vôo para fora da janela, foi surpresa, pois ninguém acreditava na capacidade da