Clarice lispector biografia
profundas da mente das personagens para aí sondar complexos mecanismos psicológicos. É essa procura que determina as características especificas de seu estilo.
O enredo tem importância secundária. As ações - quando ocorrem - destinam-se a ilustrar características psicológicas das personagens. São comuns em Clarice histórias sem começo, meio ou fim. Por isso, ela se dizia, mais que uma escritora, uma "sentidora", porque registrava em palavras aquilo que sentia. Mais que histórias, seus livros apresentam impressões.
Predomina em suas obras o tempo psicológico, visto que o narrador segue o fluxo do pensamento e o monólogo interior das personagens. Logo, o enredo pode fragmentar-se.
O espaço exterior também tem importância secundária, uma vez que a narrativa concentra- se no espaço mental das personagens. Características físicas das personagens ficam em segundo plano. Muitas personagens não apresentam sequer nome. Clarice Lispector reproduz seu fluxo da consciência, através do uso intensivo da metáfora insólita e da ruptura com o enredo factual.
Suas principais obras são: Perto do coração selvagem, A maçã no escuro (1961), A paixão segundo G.H. (1964), Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres (1969) e A hora da estrela
(1977).
A hora da estrela: Rodrigo S. M., o narrador, constitui um dos personagens centrais de "A
Hora da Estrela", de Clarice Lispector. Ao mesmo tempo em que cria e narra a vida de
Macabéa, identifica-se com ela, mesmo quando a agride. Dessa forma, você já deve ter percebido que o texto é metalinguístico: um autor - narrador que fala de sua própria obra e busca nela e com ela conhecer-se e reconhecer-se.
Macabéa é alagoana, virgem, ignorante, tem dezenove anos e diz-se "datilógrafa". Veio para o Rio de Janeiro com uma tia que cuidara dela desde os dois anos de idade. Quando a tia morre, Macabéa muda-se para um quarto que divide