ciências
A taxa de desemprego vem declinando substancialmente nos últimos anos no Brasil.
No entanto, o desemprego difere muito entre os grupos demográficos e as regiões do país.
Da mesma forma que existe desigualdade de renda, existe desigualdade de desemprego.
Para pensarmos em políticas públicas específicas para os grupos mais afetados pelo desemprego de longo prazo, é importante entendermos a dinâmica do mercado de trabalho brasileiro. Em particular, é necessário entender como a evolução da taxa de desemprego ao longo do ciclo econômico é afetada pelas dinâmicas de contratações e demissões e como isto varia entre os diferentes grupos demográficos.
O primeiro aspecto a ser ressaltado é que o comportamento da taxa de desemprego no Brasil é muito mais influenciada pela dinâmica de novas contratações do que pelas demissões. A figura ao lado, baseada em um artigo recente*, mostra a relação entre a taxa de desemprego e a taxa de admissões nas regiões metropolitanas brasileiras nos últimos sete anos. Depois de um aumento pronunciado entre 2002 e 2003, a taxa de desemprego vem caindo significativamente, passando de 13% em 2003 para 8 % em 2009. Por outro lado, a taxa de contratações teve um comportamento oposto, declinando de 22% para 16% entre 2002 e 2003 e aumentando muito a partir de então, até atingir 26% no período recente. A taxa de separações, por outro lado, variou muito pouco no ciclo recente, permanecendo ao redor de 2 a 3% em todo o período.
Isto significa que, no caso brasileiro, as demissões são pouco importantes para explicar o comportamento do desemprego ao longo do ciclo econômico. Isto ocorre em países com mercado de trabalho bastante regulamentado, como na França, por exemplo.
Como nesses países o custo de demissão é muito alto, as empresas só demitem trabalhadores em última instância. Assim, a maior parte da variação do emprego se dá através de novas contratações. Em períodos de recessão