Ciências humanas
a transformação de uma ciência em ideologia e mito social, isto é, em senso comum cientificista;
● que a ideologia da ciência não se reduz à transformação de uma teoria científica em ideologia, mas encontra-se na própria ciência, quando esta é concebida como instrumento de dominação, controle e poder sobre a Natureza e a sociedade;
● que as idéias de progresso técnico e neutralidade científica pertencem ao campo da ideologia cientificista.
Confusão entre ciência e técnica
Vimos que a ciência moderna e contemporânea transforma a técnica em tecnologia, isto é, passa da máquina-utensílio à máquina como instrumento de precisão, que permite conhecimentos mais exatos e novos conhecimentos.
Essa transformação traz duas conseqüências principais: a primeira se refere ao conhecimento científico e a segunda, ao estatuto dos objetos técnicos:
1. o conhecimento científico é concebido como lógica da invenção (para a solução de problemas teóricos e práticos) e como lógica da construção (de objetos teóricos), graças à possibilidade de estudar os fenômenos sem depender apenas dos recursos de nossa percepção e de nossa inteligência. É assim que, por exemplo, Galileu se refere ao telescópio como um instrumento cuja função não é a de simplesmente aproximar objetos distantes, mas de corrigir as distorções de nossos olhos e garantir-nos a imagem correta das coisas. O mesmo foi dito sobre o microscópio, sobre a balança de precisão, sobre o cronômetro.
Em nosso tempo, os instrumentos técnico-tecnológicos vão além da correção de nossa percepção, pois corrigem falhas de nosso pensamento, uma vez que são inteligências artificiais (o computador foi chamado de “cérebro eletrônico”) mais acuradas do que nossa inteligência individual. Evidentemente, são conhecimentos científicos que permitem a construção desses instrumentos, mas dando-lhes capacidades que cada um de nós, enquanto indivíduo, não possui. Ora, os objetos