Ciência X Religião
Não há como negar que Ciência e Religião são duas “instituições” detentoras de grande força e poder. Estas duas forças foram, aos poucos, se colocando em posições opostas e antagônicas, sendo que o início de seu confronto já data de alguns séculos atrás. A retratação forçada de Galileu ao propor sua teoria heliocêntrica e a morte de Giordano Bruno, ambas patrocinadas pela Inquisição na Idade Média, exemplificam o cenário conturbado que abrange a histórica relação entre estas duas áreas.
A Religião, por um longo período da história, deteve o controle quase absoluto de toda a produção de conhecimento. A Igreja abrigou em seus mosteiros e conventos inúmeros cientistas e pesquisadores ao longo dos séculos. Não que a igreja fosse a única fonte produtora do conhecimento, mas era através dela que o conhecimento produzido era filtrado e transmitido. Havia, assim, um claro cerceamento de tudo aquilo que pudesse pôr em risco as convicções, crenças e dogmas da religião dominante. Tal época não existe mais. Desde o Iluminismo até os dias atuais, a religião vem sendo, gradativamente, destituída desse poder, sendo relegada a um papel decorativo no que tange ao controle da produção do conhecimento científico. O seu poder agora circula, especialmente, pela esfera espiritual e moral das sociedades.
Segundo o teólogo Gerd Theissen, a modernidade depôs o regime de autoridade e poder que estava instituído há séculos, dominado pela religião. Se antigamente a religião estava no governo e a ciência era a oposição, nos dias de hoje se verifica exatamente o inverso (Theissen citado por BRAKEMEIER, p. 10). Portanto, o grande poder do século XXI está nas mãos não mais da Igreja ou da religião, mas da ciência, a ponto do teólogo protestante Brakemeier apontar para uma inversão da ordem: O fulminante dinamismo da ciência acabou atribuindo-lhe, por sua vez, a aura de uma religião. A ciência tornou-se, ela