Ciência,tecnologia e o capitalismo
Uma derivação da reflexão sobre essa tendência, importante mais para o compreender as características que assume o capitalismo contemporâneo do que para entender a sua gênese e a forma como desde o início engendra as forças produtivas que lhe são funcionais, é o surgimento dos especialistas em C&T. Este item trata deste tema e, de forma mais geral, das condições que a reprodução ampliada do capital impõe à atividade
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de pesquisa. Ele adiciona novos elementos para fundamentar a tese fraca da nãoneutralidade ao mostrar como as necessidades da produção conformam um modo específico de fazer ciência crescentemente funcional à acumulação capitalista.
Ao mesmo tempo em que a nova forma de dominação, que visava ao aumento do lucro apropriado pelo capitalista ou patrão, sujeitava o trabalhador a executar uma só tarefa,
"especializando-o" nela e condenando-o ao papel de executor inconsciente e parcialmente supérfluo, originava também uma nova "classe": os especialistas em C&T.
Da mesma forma que, no nível da produção propriamente dita, a modificação do processo de trabalho descrita criava as condições para a introdução da maquinaria e para a aplicação da ciência à produção, a mecanização completou o processo e colocou os fundamentos da indústria baseada na ciência. A incorporação da ciência ao processo produtivo consolidou sua apropriação pelos detentores dos bens de produção, uma vez que ela própria passou a ser um – cada vez mais importante - destes bens.
Nas palavras de Vanya Sant´Ana (1974, p.67-68):
“Se o feudalismo opôs clero, camada "culta", ao resto da população, massa "inculta", temos agora, no capitalismo, o empresário como real proprietário do conhecimento científico transformado em bem de capital, que se opõe à grande massa dos simples manipuladores dos instrumentos de produção; por outro lado, temos os produtores de conhecimento científico e técnico contrapostos aos simples