Ciência política
O filme nos enseja entender e debater a problemática da transição do sistema escravista para o democrático nos EUA. O argumento principal do filme, gira em torno de Grace, que torná-se a porta-voz das liberdades democráticas: da liberdade de expressão, do debate, do voto, do livre-arbítrio, do trabalho dignificante e remunerado, da vida regida pela igualdade e justiça, da tolerância às diferenças, do direito aos jovens terem suas preferências profissionais e artísticas, etc. A força do filme está na análise que faz da questão de “desenjaular” pessoas que sempre foram subjugadas. Não basta abrir as portas e dizer “vocês estão livres, vão ganhar dinheiro”. Há a necessidade de educá-los para uma vida em sociedade, mitigando parte da fúria pela injustiça a que foram submetidos por muito tempo e prepará-los para assumir as consequências por seus atos enquanto cidadãos. Ex-escravos deixam de ser animais de carga, que recebem alimentos gratuitamente para produzir a energia necessária ao trabalho que têm de realizar, e passam a ter de se responsabilizar pelo seu sustento, pelos seus horários, pelo que fazem. Na concepção de Stuart Mill, para que exista efetivamente a participação do indivíduo na sociedade, é necessária a existência da consciência e da responsabilidade de cada um sobre os seus próprios atos. A transmissão desses valores afirma-se através da educação. Portanto, em Manderlay, regras estabeleceram-se para favorecer a produção de identidades em harmonia, com o que se considerou próprio de um homem livre e de uma sociedade democrática.
Diante do problema da desigualdade humana, a proposta política de Rousseau afirma como valores fundamentais a igualdade e a liberdade. Como para ele não existe liberdade sem igualdade, as leis que se fundam num contexto de desigualdade só servem para a manutenção da injustiça: “Sob os maus governos a