Ciência política
O diálogo da República é uma descrição da república considerada ideal por Platão. Consiste na composição harmônica e ordenada de três categorias de homens – os governantes-filósofos, os guerreiros e os que se dedicam aos trabalhos produtivos. Trata-se de um Estado que nunca existiu em nenhum lugar.
Para Platão, todas as formas de governo são más, pois nenhuma delas se ajusta à constituição que ele considera ideal. Platão tem uma concepção pessimista da história, sendo um historiador da decadência das nações, mais do que da sua grandeza. Desta forma, Platão enumera as constituições corrompidas, as quais são colocadas em ordem: timocracia, oligarquia, democracia e tirania. Para ele, as formas se sucedem em ordem decrescente, sem haver uma alternância e sim uma decadência contínua, gradual, necessária, um movimento de cima para baixo até atingir o ponto inferior extremo, que é o último elo da cadeia. Ao chegar na tirania, Platão não explica como o processo continua nem de que maneira. Para ele, a aristocracia (ou a monarquia – tanto faz, pois ele considera a mesma coisa, já que acredita que pouco importa se o governo é comandado por uma pessoa ou por várias) era considerada a forma ideal de governo.
Das quatro constituições corrompidas, a oligarquia, a democracia e a tirania correspondem exatamente às formas corrompidas das tipologias tradicionais (aristocracia, politeia, monarquia), sendo que a cada forma de governo há um tipo de homem que representa a classe dirigente. Assim, para o timocrático, a paixão dominante é a ambição, o desejo de honrarias; para o oligárquico, a fome de riqueza; para o democrático, o desejo imoderado de liberdade; para o tirânico, a violência. Já a timocracia representa a transição entre a forma ideal – aristocracia – e as formas ruins tradicionais. Em sua realidade histórica, a timocracia podia ser vista na forma de governo de Esparta, que Platão admirava. Para ele, a falha do governo espartano estava no fato de honrar os