ciência do amor
Por que nós amamos
A ciência descobre quais são as reações do organismo que fazem as pessoas se apaixonarem e levar o romance adiante
Por MÔNICA TARANTINO
TESTE Um beijo, como este da cena do filme Modelos, entre Lee Bowman e Rita Hayworth, ajuda a saber se o toque dará prazer
Como descrever um legítimo ataque de paixão? Há quem sinta a mente embaralhada, a boca seca, palpitações e até uma estranha perda momentânea da coordenação motora. Na prática, render-se às emoções da paixão a ponto de protagonizar cenas ridículas, como a de ficar parado diante do amado sem concatenar uma única frase com começo, meio e fim, faz parte do anedotário de cada um de nós. A novidade é que, mais recentemente, a paixão virou tópico de grande interesse da neurociência, um ramo do estudo científico que se dedica a decifrar como o cérebro funciona. Os cientistas estão se esforçando para explicar, por exemplo, os processos que desencadeiam uma revolução bioquímica no organismo de homens e mulheres a partir de um simples olhar e quais as diferenças entre a paixão e o amor. O que se quer é entender por que amamos, como amamos e quais as repercussões que esse sentimento apresenta para a mente e o corpo.
Uma das primeiras respostas obtidas é a de que amamos para garantir a sobrevivência da nossa espécie. O que é surpreendente é a sofisticação da qual o corpo lança mão para que esse objetivo seja atingido. Uma das teorias mais fascinantes elaboradas sobre o assunto é a que afirma que os sentidos – visão, olfato, paladar, tato e audição – agem em conjunto para rastrear no alvo sinais químicos para selecionar se ele tem características compatíveis para garantir a diversidade necessária à continuidade do ser humano. “As pessoas sempre perguntam por que uma menina linda fica com o feioso em vez do bonitão. Eis aí uma pista sobre as escolhas”, explica Ricardo Monezi, professor de uma disciplina chamada fisiologia da afetividade, ministrada na Pontifícia Universidade