Ciência com conciência
A ideia transmitida nos primeiros parágrafos deste capítulo é a de que o real é-nos inacessível no seu todo, isto é, o homem só tem acesso a uma pequena parte do real, conhecendo subjetivamente o que o cerca. Na sua observação dos fenómenos surgiu então a dificuldade de observar o que está para além dos sentidos, o que estes não nos conseguem transmitir. Para isso, e com o objetivo de ampliar os seus conhecimentos, o homem criou aparelhos que lhe permitissem um novo acesso a fenómenos que anteriormente lhe passavam despercebidos. Posto isto, podemos distinguir dois processos de investigação: os processos simples – que se dirigem aos objetos mais fáceis de examinar, cujos sentidos são suficientes para os captar -, e os processos complexos – que estudam os objetos que estão fora do nosso alcance natural e apenas com a ajuda de instrumentos o homem consegue aceder-lhes. Porém, tanto a investigação simples como a complexa, partilham do mesmo objetivo: ambas levam-nos a descobrir e verificar os fenómenos que nos cercam, alguns mais evidentes, outros mais ocultos, mas que existem na natureza. No entanto, o homem, pela sua insaciável curiosidade e sede de controlo que o caracteriza, não se fica apenas pela observação dos fenómenos. Ele raciona, compara e interroga-os e, pelas respostas que obtém, controla-os. Este controlo leva-o até à experiência, que diferentemente da observação, não se limita a mostrar os fenómenos, pois a experiência instrui. Após esta introdução e abordagem dos conceitos de observação e experiência, procuraremos então definir de forma mais clara e objetiva estes dois conceitos importantes que são o mote do texto e que nos levam até ao nosso fim, que é o de explicar o conceito de medicina experimental. Para isso, primeiramente,