Ciço de Luzia
O livro de Efigênio Moura conta a história da paixão de Ciço Romão por Luzia, numa ficção que se passa nos anos 70, ambientada no Cariri paraibano, especificamente em Monteiro, Zabelê e Camalau. Os diálogos são quase todos no “matutês”, reproduzindo uma característica de alguns nativos do Cariri e Sertão paraibano. O autor tenta fazer um resgate nostálgico de uma infância vivida no sertão do Cariri, a fazenda Macaxeira, espaço da narrativa, era onde ele passava suas férias de infâncias vividas na década de 70. O romance traz uma riqueza vocabular impressionante, expressões da terra, que dão à obra uma forma inovadora de se fazer romance. São contos sem obediência rígida a qualquer sequência absoluta, mas a uma sucessão lógica de fatos independentes, mas conectados entre si. No geral, o romance aborda o interior da Paraíba, mas além disso, aborda o interior do ser humano, universalizado pelos personagens Ciço e Luzia. Refletimos sobre os sentimentos da paixão, doçura, ciúme, provocações, descobertas, solidão por que passa esse casal fantástico. O casal sempre se encontra, mesmo que não estejam em um mesmo lugar, mesmo em meio à rigidez dos pais de Luzia, ou às incerteza de Ciço. Mostram que os corações são os únicos ganchos para a consolidação de um amor, que precisa ser vivido sem pressa, e precisa ser aberto e “carregado”, como o sotaque do nordestino, como o amor de Ciço, como é o coração de Luzia. 3. “A VERDADEIRA LÍNGUA DO POVO”
Ciço de Luzia é um romance que passa veracidade não apenas nos fatos resgatados, tais como a seca de 1966, as canções, as crenças no “pade Ciço”, os mitos, mas também no jeito de falar. É um romance com a verdadeira língua do povo, uma representação da cultura popular. A linguagem é um dos pontos fortes do livro. Efigênio busca demonstrar o valor estético da variedade linguística regional, trançando um perfil acerca dos elementos poéticos utilizados nos diálogos. Para isso,