Civil
João Simão
Tentativa de definição F. Braudel diz-nos na sua obra «Gramática das Civilizações» que: «Seria bom poder definir cultura e civilização como se faz com o triângulo ou a recta.». Desde já podemos perceber que iremos encontrar dificuldades em encontrar uma definição geral destes dois conceitos. A primeira vez que é usada a palavra civilização é na França no século XVIII, de uma forma furtiva e em oposição a ‘barbárie’. Mas a palavra iria sair das fronteiras francesas e parte para o resto da Europa aliada a outra palavra com origens ainda mais antigas, cultura. Cultura que inicialmente era usada em relação ao cultivo da terra passa paulatinamente para o campo dos actos do espírito. Cultura passa a ser tida como esforço de civilização. Com efeito a noção de civilização é dupla. Designa ao mesmo tempo valores morais e materiais. Como distinguiria Marx as infra-estruturas (materiais) e as superestruturas (espirituais). Na Alemanha Hegel, na Universidade de Berlim usava indistintamente as duas palavras. Há no entanto autores que reservam cultura para o espírito e civilização para o que era material. Por meados do século XX, na Alemanha a cultura ganha primazia sob civilização. Civilização passa a ser o conjunto de conhecimentos técnicos, e cultura, numa última análise, é o próprio espírito. A primazia de cultura fica bem denotada com a afirmação de Mammsen (1951) «É hoje dever do Homem não deixar que a civilização destrua a cultura, nem a técnica o ser humano.». Esta afirmação apresenta-se no contexto da evolução da II revolução industrial, é então claro que a cultura pertencia ao homem, enquanto que a civilização assentava na máquina, como nos mostra T. Mann «Cultura corresponde à verdadeira a civilização está associada à mecanização.». Mas é através das palavras de Oswold Spengler (1918-1922) que melhor se constata a hegemonia da Cultura sobre a Civilização. Diz ele que «Cultura é a origem, a seiva