Cirurgia Estereotáxica
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1 ESTEREOTAXIA
A localização precisa de uma estrutura anatômica representa um desafio à neurocirurgia. Essa
preocupação
levou
ao
desenvolvimento
das
técnicas
estereotáxicas. Já no século XV, Leonardo Da Vinci fez o esboço de um crânio representando os três eixos de coordenadas (Figura 1)(1). Pierre Paul Broca (18241880) cirurgião e antropologista francês, conhecido por localizar a área da articulação da linguagem, denominada área de Broca, foi o primeiro a realizar uma craniotomia baseada em localização cerebral(2). Em 1868, Broca criou vários instrumentos para estabelecer relações entre o crânio e encéfalo e foi o primeiro a apontar, de forma precisa, a relação entre importantes giros corticais e marcas superficiais fixas no crânio(3). Nesse contexto, a primeira técnica de localização espacial de estruturas intracranianas foi creditada aos alemães Ditmar e Ludwig, em
1873, os quais utilizaram uma sonda guiada para inserção de uma cânula no bulbo raquídeo de ratos(4), no entanto, esse estudo não pode ser considerado como estereotaxia, uma vez que a localização das estruturas não se relacionava ao sistema cartesiano de coordenadas. Desse modo, a cirurgia estereotáxica teve início com as publicações do neurofisiologista e neurocirurgião Victor Horsley e do matemático Robert Henry Clarke(5). Horsley e Clarke apresentaram os resultados obtidos mediante o uso de um aparato estereotáxico em macacos, com o propósito de estudar estruturas cerebrais profundas, em particular, o núcleo dentado cerebelar e designaram a técnica como estereotaxia. Em 1906, eles escreveram que seria possível estudar e registrar cada milímetro cúbico do encéfalo. Na clássica
publicação de 1908, os autores fornecem uma detalhada descrição do instrumento, metodologias e incluíram o primeiro atlas estereotáxico, com ilustrações de fatias encefálicas em