Cinomose
Cinomose é uma doença viral altamente contagiosa que afeta o sistema respiratório, o sistema gastrintestinal e o sistema nervoso central (SNC). É causada pelo vírus da cinomose canina (VCC), um Morbillivirus da família Paramyxoviridae. Além de cães domésticos, ocorre em outros carnívoros como dingos, raposas, furões, leões, leopardos, guepardos e tigres (Norris et al. 2006). O cão representa o principal reservatório para o vírus da cinomose e serve como fonte de infecção para os animais selvagens (Greene & Appel 2006).
A cinomose acomete cães de qualquer idade, raça e sexo, com maior predileção por filhotes e cães não-vacinados (Chrisman 1985, Fenner 2004, Greene & Appel 2006). Os cães infectados pelo vírus da cinomose podem manifestar uma combinação de sinais e/ou lesões respiratórias, gastrintestinais, cutâneas e neurológicas que podem ocorrer em seqüência ou simultaneamente (Gröne et al. 2003, Koutinas et al. 2004). Vários sinais neurológicos podem ocorrer e a mioclonia geralmente é considerada a manifestação clássica da infecção pelo VCC. A lesão no SNC é apresentada na forma de três síndromes clínicas conhecidas como encefalomielite dos cães jovens, encefalomielite multifocal dos cães adultos e encefalite dos cães idosos (Fenner 2004, Amude et al. 2006).
O objetivo deste trabalho é descrever os aspectos clinico-patológicos de 620 casos neurológicos de cinomose em cães necropsiados no Laboratório de Patologia Veterinária (LPV) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) de 1965 a 2006. Este estudo faz parte de uma série que vem sendo desenvolvida em nosso laboratório com a finalidade de documentar as principais doenças neurológicas que causam morte em cães.
MATERIAL E MÉTODOS
Os protocolos de necropsia de cães realizadas no LPV-UFSM, no período de janeiro de 1965 a novembro de 2006, foram revisados em busca de casos confirmados de cinomose. Os protocolos de necropsia referentes aos casos neurológicos de cinomose foram separados e