Cientistasreligiosos
1489 palavras
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http://www.comciencia.br/reportagens/2005/05/11.shtmlAutor: Carlos Ziller Camenietzki
Data depublicação: 10/05/2005
Cientistas e religiosos
Carlos Ziller Camenietzki
Considerar que o exercício da atividade científica é coisa dissociada da vida religiosa já se transformou num lugar-comum. Difícil imaginar um padre num laboratório ou num observatório astronômico realizando experiências tal e qual qualquer outro homem de ciência. No mais das vezes, quando tomamos contato com um desses religiosos, e reconhecemos sua condição, não deixamos de nos surpreender. Mesmo que uma reflexão mais detida deixe claro que não há incompatibilidade entre ser padre e ser cientista, para a imensa maioria de nós, não é imediato acomodar-se à idéia de que uma mesma pessoa possa estar na condição de padre e de cientista. Afinal, um padre preocupa-se com problemas de ordem moral, com a salvação das almas, com as tensões da vida quotidiana; e o cientista busca conhecer o mundo natural. Atividades diferentes, e apenas isso, quando reunidas numa só pessoa costumam gerar estranhamento.
Mas quando se trata de ciência e de religião o estranhamento liga-se a problemas que vêm de longa data. Acostumamo-nos a pensar que a ciência moderna de Darwin, de Newton, de Galileu e de Copérnico constituiu-se em frontal combate com as estruturas eclesiásticas, com os religiosos, e isso basta para aprofundar essa sensação de estranhamento quando nos deparamos com um padre astrônomo ou biólogo. E, de certo modo, isso não é de todo equivocado. Porém, esse conflito entre ciência e religião certamente não teve e não tem duração indefinida no tempo, nem mesmo uma extensão que abarque toda a pauta científica. Trata-se, sobretudo, de contrastes pontuais e característicos da época contemporânea, de meados do século XVIII até os nossos dias – data, portanto, de uns duzentos e cinqüenta ou de trezentos anos. Antes disso, a coisa era muito diferente.
Se tomarmos o período final da Idade Média e os primeiros duzentos