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Reportagem de Bela Megale e Alexandre Aragão, com colaboração de Pâmela Oliveira, publicada na edição de VEJA que está nas bancas.
O BLOCO DO QUEBRA-QUEBRA
Com slogans anarquistas na cabeça e coquetéis molotov na mão, os Blacks blocs se espalham pelo Brasil e transformam protestos em arruaça. Jovens da periferia, punks e até universitárias de tênis Farm. compõem o bando.
No começo, quase ninguém notou a chegada deles. Em 20 de abril de 2001, o mesmo dia em que grupos anarquistas no Canadá protestavam contra a criação da ALCA, em Quebec, na Avenida Paulista, em São Paulo, um bando de arruaceiros com o rosto coberto destruía a marretadas agências bancárias e uma loja do McDonald’s. Era a primeira arruaça Black bloc no Brasil.
Embora, àquela altura, pouca gente soubesse o que era isso, o bando de inspiração anarquista, defensor da “destruição consciente da propriedade privada” e autodeclarado inimigo do capitalismo, começava a se organizar no país. Hoje, os militantes, por assim dizer, não chegam a duas centenas por aqui. É um grupo pequeno, mas que, engrossado por vândalos de ocasião, em algumas capitais tem transformado a baderna e a violência em uma assustadora rotina.
VIROU ROTINA -- Mascarada destrói vitrine de loja de carros em São Paulo. A cena se repete há mais de dois meses também no Rio de Janeiro, sem que haja quase nenhum baderneiro preso (Foto: Fabio Braga / Folhapress).
Na semana passada, os Blacks blocs estiveram por trás de todas as manifestações violentas que explodiram no Rio de Janeiro e em São Paulo, com exceção da tentativa de invasão do Hospital Sírio-Libânes, esta uma obra de sindicalistas. Na quinta, no Rio de Janeiro, cerca de 200 mascarados depredaram agências bancárias, pontos de ônibus e arremessaram um banheiro químico no