Ciencias modernas

1818 palavras 8 páginas
A invenção das ciências modernas.

A ‘ciência normal’ de Thomas Kuhn, o ‘conhecimento tácito’ de Michael Polanyi, a ‘ruptura epistemológica’ de Gaston Bachelard, os ‘três mundos’ de Karl Popper são concepções que, além de um sem-números de clássicos da filosofia, desfilam nessas proposições, mas este livro recorda um encontro que não aconteceu: entre Bruno Latour e Félix Guattari. Em primeiro lugar, trata-se de uma questão que põe em jogo uma relação diferente entre o sujeito e o objeto, a partir da distinção entre as ciências de campo e as ciências de laboratório, estas criam dispositivos experimentais que conferem ao cientista o poder de encenar a sua questão, de depurar o seu próprio fenômeno e depor a seu respeito. Os instrumentos do cientista de campo, ao contrário, abrem-lhe a possibilidade de reunir os indícios que o orientarão na tentativa de reconstituir uma situação concreta, de identificar relações, não de representar um fenômeno como uma função munida de suas variáveis independentes. Nem o indício nem o testemunho experimental podem ser considerados como neutros e independentes do autor, daquilo que se busca prever, pois um campo não vale por todos e não faz do autor um juiz. O que um campo permite afirmar, outro campo pode contradizer sem que por isso um dos testemunhos seja falso, ou sem que as duas situações possam ser julgadas intrinsecamente diferentes. Outras circunstâncias entraram em jogo. O campo pode ser considerado como uma “invenção” por causa de inúmeros procedimentos que o codifica e o decifra, mas ainda assim o campo preexiste como estabilidade à sua decifração e à sua análise. A questão é que o campo não autoriza os seus representantes a fazê-lo existir fora dos locais em que já existe, nem os autoriza a provar quaisquer relações (que permita descrevê-lo) sejam estáveis a uma mudança de circunstância ou sob a intrusão de um elemento novo.

Desde seu início, as ciências teórico-experimentais vêm buscando afirmar sua especificidade e,

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