ciencias do ambiente
Terça, 06 de agosto de 2013
Zona rural da China vira desastre ambiental
Na chuvosa Dapu, um lugarejo no centro da região que é considerada o celeiro da China, uma agricultora cultiva plantas que ela mesma não teria coragem de comer.
Uma fábrica de produtos químicos financiada pelo governo, vizinha à sua propriedade, despeja resíduos diretamente na lagoa que fornece a irrigação para o local, diz ela, dando à água uma cor azul fluorescente. Alguns agricultores passaram a ter bolhas inexplicáveis nos pés depois de andar pelos arrozais.
A reportagem é de Josh Chin e Brian Spegele, publicada no The Wall Street Journal e reproduzida no jornal Valor, 05-08-2013.
"Essa lavoura não rende nada", diz a agricultora, apontando para um punhado de espigas de arroz atrofiadas. Ela cultiva esse arroz, que não pode ser vendido devido à baixa qualidade, apenas para se qualificar para os pagamentos feitos pelos donos das fábricas para compensar pela poluição da área. Mas a quantia é apenas uma fração do que ela ganhava quando a terra era saudável, diz ela.
A experiência desses agricultores, na província de Hunan, no sul central do país, mostra que há uma nova frente na intensa batalha da China contra a poluição. Durante anos, a atenção do público se concentrou no ar extremamente poluído e na água contaminada que fazem sofrer as cidades em crescimento acelerado. Mas casos recentes deram destaque à poluição em vastas áreas rurais, incluindo o coração agrícola do país.
Estimativas de pesquisadores vinculados ao governo dizem que entre 8% e 20% das terras aráveis da China, cerca de 10 a 24 milhões de hectares, podem estar contaminados com metais pesados. Mesmo uma perda de 5% pode ser desastrosa, deixando a China abaixo da "linha vermelha" de 120 milhões de hectares de terra arável, o mínimo necessário, segundo o governo, para alimentar a população de 1,35 bilhão de habitantes.
O problema da poluição nas áreas rurais da China