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Conceitos básicos de lógica aristotélica
1.

A concepção aristotélica de linguagem é expressa no começo do livro De Interpretatione onde ele diz: “Aquilo que está na fala á, na verdade, sinal das afecções da alma e a escrita, sinal daquilo que está na fala. E, do mesmo modo que as letras não são iguais para todos os homens, também a fala não é igual para todos: mas as afecções mentais, das quais a fala é sinal, são as mesmas para todos os homens, tal como são iguais as coisas das quais essas afecções são cópias”. O que isso significa?
a. Aristóteles distingue três planos no funcionamento da linguagem: o do suporte físico da linguagem (seja a escrita, seja a fala), o das intenções mentais do falante e o da realidade à qual a linguagem se aplica. As palavras que podem ser usadas variam de língua pra língua, de povo pra povo, mas a aplicação é mediada pelas “afecções da alma” que servem como uma regra de aplicação das expressões linguísticas. Que palavra será usada é algo puramente convencional, mas que essa convenção, depois de estabelecida, tenha uma certa constância é algo garantido pela regra associada à convenção. Convencional não significa arbitrário, de forma que se pudesse redefinir as coisas só mudando a convenção, justamente porque a força da convenção, para Aristóteles, está na regra que todos os falantes dominam na medida em que se baseia em uma imagem mental compartilhada dos objetos referidos. Quando alguém emprega uma palavra de forma errada é com apelo a essa regra que ele será corrigido.
b. Aristóteles defende que o estado mental que rege o uso de uma expressão é comum a todos os homens porque ele espelha algo de comum em todas as coisas a que a expressão se refere, a essência dessas coisas. É uma concepção de linguagem fortemente fundada na ontologia: é uma certa estrutura da realidade que dá suporte a certas estruturas do pensamento, que, por sua vez, permitem a existência da linguagem. Não precisa ser assim.
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