ciencia e estado
A política cientifica no Brasil
Ao longo dos últimos cinco séculos, as relações entre ciência, Estado e sociedade adquiriram diferentes configurações, fruto de contextos, tempos e circunstâncias várias, nos diferentes países ocidentais. Uma vez reconhecida a importância da ciência nas diferentes perspectivas de desenvolvimento dos países, diferentes instituições, agendas e estratégias foram colocadas em marcha para organizar, financiar, mediar, monitorar e avaliar as várias esferas de produção e de destinação dos produtos oriundos da atividade científica. Se o conhecimento produzido pela ciência só encontra seu sentido maior na medida em que é apropriado e transformado pela sociedade, ao Estado, enquanto conhecedor das demandas e necessidades da sociedade, sempre coube o papel de estimular e orientar a atividade científica.
O presente capítulo tem por objetivo traçar as bases históricas que sustentam essas premissas, com um breve sumário do desenvolvimento do campo da Política Cientifica a partir, em grande medida, da possibilidade de entender e gerir a ciência por meio das análises quantitativas da produção científica. O desenvolvimento desse campo no Brasil é apresentado fazendo uso especialmente da pesquisa pioneira da socióloga Regina Morel, no final dos anos setenta. Esse quadro conceitual é fundamental para recortar o Massacre de Manguinhos, tema de análise da presente dissertação.
Ao analisar o surgimento da Ciência Moderna, Velho (1985) aponta que, em muitos momentos, a atividade científica foi chamada a se justificar diante da sociedade. No século XVII, a ciência teve sua justificação fundada em uma visão utilitarista e religiosa, o que traduzia seus resultados e suas metas à busca de benefícios para a humanidade e o louvor a Deus. A ciência não havia ainda se institucionalizado nas universidades; os cientistas desse período dependiam principalmente do apoio da sociedade, mais particularmente, do suporte e apoio