Cidade de São Sebastião: o Rio de Janeiro e a comemoração de seu santo patrono nos escritos e ritos jesuíticos, c.1585.
“Aproximava-se o mês de janeiro, no qual a Igreja celebraria a festa do mártir são Sebastião, de quem os visitantes traziam uma relíquia.” (p.16)
“[...] com base na descrição de padre Cardim, poder-se-ão perceber várias partes diferentes da festa, que, encadeadas, formam o seu sentido profundo ortodoxo e tecnicamente produzido pelos jesuítas, responsáveis pela entrega da relíquia e seus futuros guardiães.” (p.16)
“A ‘celebre festa’ noticiada por Cardim se inicia, pois, com o cerimonial de trasladação do braço de são Sebastião de nau até o continente, através de uma barcaça que desliza sobre as águas da baia.” (p.17)
“A relíquia viajava pela Guanabara com um rico andor (‘charola’) que descansava sobre um altar improvisado, mas ornamentado com copiosa quantidade de velas e dignificado com música dedilhada em órgão [...]” (p.17)
“Quando as altas dignidades do poder espiritual e temporal desembarcam, em local não precisado, a relíquia do padroeiro é cortejada em procissão até o descampado em frente à Santa Casa de Misericórdia, constituindo a segunda parte do cerimonial [...]” (p.18)
“[...] à porta da Misericórdia foi armado um ‘teatro’, abrigado sob uma tolda improvisada com uma vela náutica. Ali, a relíquia descansou sobre um rico altar. A pausa na procissão era um convite a toda cidade na encenação do martírio do padroeiro são Sebastião, cuja presença era ali palpável em seu exemplar ósseo.” (p.18)
“[...] padre Cristóvão dispôs a relíquia de são Sebastião à veneração de ‘todo povo’, que então se aproximava para beijar o insigne ‘braço’ do santo padroeiro.