Cidadania e Globalização
OS (DES )CAMlNHOS DA GLOBALlZAÇÃO ( i )
Vi terras da minha terra
Por outras terras andei
Mas o que ficou marcado
No meu olhar fatigado
. Foram terras que inventei.
(Manuel Bandeira)
Precisamos tentar salvar a herança republicana, mesmo que seja transcendendo os limites do Estado-Nação.
(Jurgen Habermas)
O termo globalização se presta a várias interpretações. É visto como processo fatal e inescapável, ou como mera ideologia, propagandeada pelo Banco Mundial e pelos países dominantes, para servir aos interesses das empresas transnacionais.
Para outros, entretanto, trata-se de um fenômeno real que merece ser levado a sério e analisado com mais profundidade. Nesta perspectiva estão aqueles que veem a globalização como um processo de homogeneização, isto é, de padronização e estandardização das atitudes e comportamentos em todo o mundo, colocando em risco a diversidade cultural da humanidade. A globalização é aqui compreendida principalmente em sua dimensão econômica dominante de interligação mundial de mercados.
Surgem dessa perspectiva algumas noções expressivas como, por exemplo, aldeia global, fábrica global, cidade global, shopping center global, Disneylândia global, macdonaldização do mundo etc. Embora enfatizando aspectos diferentes, essas metáforas parecem sugerir a ideia de uma padronização do comportamento humano.
Uma visão diferente procura mostrar que o processo de globalização não é incompatível com a diversidade cultural, podendo coexistir com a heterogeneidade e pluralidade das diversas culturas existentes no planeta. Algumas expressões parecem estar mais de acordo com essa visão, como, por exemplo, sociedade global, terra-pátria, nave espacial etc.
A globalização é em geral vista como um fenômeno econômico que deve ser combatido, pelas suas consequências nocivas para os países pobres em vias de desenvolvimento. É apresentada ainda como um fenômeno que se contrapõe aos laços de solidariedade social existentes