Cidadania em tempos de tecnologia
Qua, 26 de Outubro de 2011 21:45 |
TIAGO QUIROGA
Universidade de Brasília (UnB)
O presente artigo problematiza aquelas que seriam importantes transformações provocadas pelo fenômeno tecnológico em nossa contemporaneidade. Pretende-se aqui investigar a passagem da sociedade do vínculo social ou do ethos jurídico – fundamentada no conceito de cidadania cuja herança remete ao século XVIII o ao modelo da conectividade e velocidade da computação de dados – em que emergem novos valores, como os da transparência e eficiência da informação, resultados de uma eticidade midiatizada que reinventa a experiência dita cidadã.
1. Apresentação
O presente artigo problematiza alguns desdobramentos produzidos pela incidência do fenômeno tecnológico sob a experiência da chamada cidadania moderna. Falamos aqui das diversas transformações operadas pelos suportes informacionais que, atualmente, parecem produzir engendramentos específicos na ordem do modelo político fundado pelo século XVIII - origem do modelo de cidadania do qual seríamos os principais herdeiros. Nossa hipótese é a de que estaríamos precisamente em meio à passagem do modelo de representação fundado pelo binômio vínculo social/ arcabouço jurídico ao arquétipo da conectividade e dos fluxos de informação, em que os meios de comunicação, agente indutor do processo, acabam por transformar categorias de inteligibilidade historicamente consolidadas como, por exemplo, a própria idéia de democracia, circunscrita nos dias de hoje ao período eleitoral. O fenômeno em questão inscreve-se no contexto que faz da comunicação instância que organiza e faz funcionar o sistema produtivo. Decisivamente calcada na lógica dos fluxos, a cadeia produtiva centrada sobre os suportes comunicacionais, com ênfase nos chamados sopros e imbricamentos das redes informacionais, instaura um novo tipo de engendramento social, agora fundamentado no regime da operatividade. Trata-se aí do aparecimento de