Ciclos uma proposta compensatória
CICLOS: UMA PROPOSTA COMPENSATÓRIA PARA SUPERAÇÃO DO FRACASSO ESCOLAR – UM ESTUDO ETNOGRÁFICO
Rio de Janeiro
2009
“Então?
Preguiçoso?
Simplesmente preguiçoso?
Não, ele seguia seu ritmo, e era tudo, o que não é necessariamente o ritmo de um outro e que não é necessariamente o ritmo uniforme de uma vida, seu ritmo de leitor aprendiz, que conhece acelerações e bruscas regressões, períodos de bulimia e longas sestas digestivas, sede de avançar e medo de decepcionar....
Só que nós, “pedagogos”, somos credores apressados. Detentores do Saber, emprestamos com juros. E é preciso que isso renda. Depressa! Sem o que, é de nós mesmos que duvidamos.”
(PENNAC, 1993)
RESUMO
Este trabalho monográfico de conclusão de curso é parte dos resultados de um estudo sobre a natureza dos ciclos de formação realizado no âmbito da pesquisa Imagens Etnográficas da Inclusão Escolar: o fracasso escolar na perspectiva do aluno (MATTOS, 2005-2008). O objetivo foi o de compreender a proposta do ciclo de formação no Rio de Janeiro como uma nova forma de organização do tempo-espaço da escola visando à superação do fracasso escolar. O ciclo é produto das mudanças ocorridas no cenário educacional durante a década de 80, período da democratização da sociedade brasileira em que se primava pela universalização do acesso ao ensino público para as classes populares. Durante esse período observou-se um grande quantitativo de alunos que repetiam as séries e se tornavam vítimas do fracasso escolar. A escola que se pretendia democrática, nesse contexto, continuava a ser uma escola excludente. Daí a emergência de uma forma de organização escolar, ciclos, que pressupunha também uma nova forma de se pensar a educação na escola, em que os alunos não fossem mais impedidos de dar continuidade a sua carreira acadêmica