Ciclo de Mahler
A noite de terça feira, 29 de abril, contou com um tempero especial nas apresentações gratuitas oferecidas pelo Teatro Nacional. Casa cheia, bons convidados e um programa glorioso. Essa semana deu início aos concertos de outono do TNCS e não haveria melhor maneira de começar com o pé direito do que Mahler.
Regente e compositor -Boêmia, 7 de julho de 1860-1911- Gustav Mahler é considerado um dos maiores compositores e orquestradores, lembrado por ligar a música do século XIX com o período moderno. Suas sinfonias são temáticas e influenciadas pela literatura. Coloridas, alternam notas altas e baixas, sons fortes e fracos. Em especial, a Terceira Sinfonia em Ré menor (ou ciclo Mahler) que possui seis movimentos em sua forma final e é, particularmente, devido a extensão e suas marcantes diferenças em caráter e construção, uma peça única.
Uma caracteristica exclusiva e muito interessante é a dedicatória que o compositor concede nos nomes de cada movimento, aparenta um tipo de conversa entre o autor e uma cena da natureza que pode ser dessifrada por completo quando se escuta com bastante atenção os instrumentos e suas ''falas''. A sequência é: Chega o verão (forte e decisivo) marcha que se desenvolve lentamente, O que me dizem as flores do campo (tempo de minueto) contrasta com a violenta abertura em um minueto gracioso, O que me dizem os animais da floresta (comodo, scherzando) faz refenrencia à uma canção chamada ''Alívio no Verão'' trazendo uma mudança de humor em que uma cena musical engraçada é substituida por um ato contemplativo: um dos trompistas sai do palco e continua tocando o tema em algum lugar escondido (o resultado é um som diferente, incrivelmente bonito e uma sensação inesperada), O que me dizem os homens (misterioso, lento) inspirado em ''Canção da meia noite, Assim falava Zaratustra'' com letra e texto de Nietzsche, executada por uma soprano distante, O que me dizem os anjos (alegre e expressivo) esplendoroso,