cibercultura
RECOMBINANTE1
André Lemos
I – Avant Propos
Para melhor compreensão da forma como opera hoje a recombinação dos diversos elementos em jogo na cultura contemporânea – que alguns vão chamar de sociedade da informação, sociedade pós-industrial, cibercultura ou sociedade do conhecimento –, estabelecerei três princípios básicos, ou três leis dessa sociedade da informação, principalmente em relação às práticas culturais que serão retomadas no fim dessa conferência. Esses três princípios norteadores permitem, de forma geral, compreender a emergência das diversas práticas sociais, comunicacionais e produtivas que criam diversas e inusitadas recombinações na cultura contemporânea. A cibercultura é, por assim dizer, um
“território recombinante”. Iremos explorar a “cibercultura remix”, os princípios da sociedade da informação e a noção de território para chegar, no final, à hipótese da criação de territórios informacionais, hoje em expansão com as tecnologias de comunicação sem fio. Estas irão fomentar novas práticas recombinatórias nas cidades contemporâneas.
II – Princípios da Cibercultura Recombinante
Sejamos diretos: recombinar, copiar, apropriar, mesclar elementos os mais diversos não é nenhuma novidade no campo da cultura. Toda cultura é, antes de tudo, híbrida; formação de hábitos, costumes e processos sócio-técnicosemióticos que se dão sempre a partir do acolhimento de diferenças e no trato com outras culturas. A re-combinação de diversos elementos, sejam eles produtivos, religiosos ou artísticos, é sempre um traço constitutivo de toda formação cultural. Por outro lado, toda tentativa de fechamento sobre si acarreta empobrecimento, homogeneidade e morte. A cultura necessita, para se manter vibrante, forte e dinâmica, aceitar e ser, de alguma forma, permeável a outras formas culturais. Esse processo está em marcha desde as culturas mais
“primitivas” até a cultura contemporânea, a cibercultura. Assim, não é a