China

424 palavras 2 páginas
O bom leitor de Adam Smith em Pequim – bom por aceitar a recomendação do autor de lê-lo por inteiro – não deixará de ser intelectualmente estimulado e, em muitos casos, surpreendido, durante o itinerário dessa leitura. A começar pelo intrigante título. A meu ver, Adam Smith em Pequimapresenta um duplo e complementar sentido. O primeiro, extraído das páginas de A Riqueza das Nações, refere-se à reiterada referência de Smith a respeito do padrão chinês para a maturidade econômica como "o progresso natural para a opulência" ou "o curso natural das coisas", de acordo com suas próprias palavras. Aqui, Smith exalta o virtuosismo do capital investido domesticamente – primeiramente na agricultura e, em seguida, no comércio varejista – como aquele que produz os efeitos mais sólidos e duradouros pelas conseqüências positivas para o crescimento do salário e da renda nacional. Contrasta o caminho chinês com o holandês, o caso "extremo de país que seguiu o caminho europeu para a maturidade econômica.... (percurso) não natural e retrógrado (p. 57) por assentar-se no grande comércio atacadista que"parece não ter residência fixa e pode vagar de um lugar para outro em busca de lugar onde possa comprar barato e vender caro." (p. 59)
Por outro lado, o segundo sentido desse atrativo título está mais identificado a uma certa continuidade daquele padrão virtuoso – depois de mais de um século de interregno – e das surpreendentes conquistas que a China vem progressivamente alcançando na economia e na política mundiais. Seriam, ao mesmo tempo, uma oportuna lembrança e um devido reconhecimento que Arrighi presta à antecipação smithiana da ascensão chinesa e das vantagens de se utilizar a maior parte do capital primeiramente na agricultura, depois nas manufaturas e, por fim, no comércio exterior. Adicione-se a essa interessantíssima referência a Smith uma segunda, de autoria de Robert Heilbroner, segundo a qual ele "pode bem ser um dos mais amplamente citados e mais raramente lidos de

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