China, a ameaça ao mundo.
A China deve preocupar-nos? Seu surgimento como ator relevante é, sem dúvida, o fenômeno central nas relações internacionais do século 21. As profundas mudanças políticas e econômicas em curso revelam uma transformação radical da ordem internacional depois da II Guerra Mundial, ordem que foi bipolar até a queda da URSS e unipolar há vinte anos. A perspectiva de um mundo multipolar, como A China parece desejar, abre perspectivas desconhecidas e, portanto, eventualmente perigosas.
Um precedente importante é o enfraquecimento estratégico dos Estados Unidos depois do evidente fracasso de sua política de Nation-building incentivada no Afeganistão e no Iraque. As intervenções militares só levaram a uma maior desestabilização e a revoltas contra a dominação americana. Enquanto as outras potências, assim como as novas alianças entre nações, parecem orientar-se a uma bunkerização de seus respectivos espaços estratégicos e não ao projeto de globalização e abertura propiciado pela filosofia liberal. Prevalecem nelas o impulso para fortalecer a segurança, procurando atribuir aos estrangeiros todos os males da nação, para limitar ou ainda impedir os deslocamentos das pessoas, e armar-se em demasia diante das ameaças reais, exageradas ou imaginárias. Em um ato de desconfiança em relação ao sul, a União Europeia aceita que mísseis americanos, formalmente colocados contra o Irã e a Coréia do Norte, sejam instalados no sul da Espanha, dirigindo-se ao Mediterrâneo.
Todo este cenário propõe um desafio importante: o crescimento da segurança de um Estado ou de um grupo de Estados será que não enfraquece a segurança dos outros?
CHINA E ESTADOS UNIDOS: DOIS MODELOS
O anterior é destacado atualmente em relação à China e ao mito persistente de que ela representaria uma ameaça. Em grande parte cercada pelas forças americanas no Oceano Pacífico, Oceano Indico e Ásia Central, diante de um discurso frequentemente hostil por parte de Washington