China no comercio
Ivan Tiago Machado Oliveira e Rodrigo Pimentel Ferreira Leão
Nas últimas duas décadas, os países emergentes viram sua participação no comércio internacional ampliar consideravelmente.
Esse crescimento respondeu, em grande medida, ao desempenho de Brasil, Rússia, Índia e China (BRIC) que passaram a realizar proporções cada vez maiores dos fluxos de comércio internacional. Nas exportações mundiais, por exemplo, a participação desses países partiu de apenas 4,8% em 1992 e alcançou 14,2% em 2008. Todavia, enquanto a parcela do comércio internacional detida por Brasil, Rússia e Índia cresceu de forma tímida, aquela realizada pela China se expandiu rapidamente. Dos dez pontos percentuais de aumento da participação dos BRIC nas exportações mundiais de 1992 a 2008, quase sete pontos percentuais foram somente da China, permitindo ao país asiático atingir a participação de 8,9% das exportações mundiais em 2008.
Essa ascensão da China no comércio internacional respondeu, em última instância, à capacidade de articular sua economia ao processo de globalização produtiva. A partir dos anos 1980, a acelerada migração das empresas transnacionais de países desenvolvidos para nações em desenvolvimento, que promoveu a integração das cadeias de produção globais e a expansão do comércio intra-firma, possibilitou à China se inserir nos fluxos globais de comércio. Aproveitando a entrada do capital estrangeiro, o país acabou criando amplas redes de comércio ligadas a essas empresas transnacionais.
Essas redes, contudo, aprofundaram-se não somente pelo processo de globalização produtiva, como também pelo conjunto de reformas de abertura da economia chinesa. Embora os outros três países do BRIC também tivessem realizados essas reformas, as da China foram particularmente distintas quanto ao timing e ao modo de atuação do Estado, sendo tais diferenças responsáveis pela sua inserção diferenciada.
Inicialmente,