Chimamanda Ngozi Adichie
A autora nigeriana falou sobre uma outra narrativa da América, em que os negros fazem mais – e são muito mais – do que vemos nos filmes.
Não devia ser necessário dizer que há pessoas brilhantes em todos os continentes. Também não devia ser necessário escrever mais um romance sobre raça nos Estados Unidos, logo agora que a grande potência ocidental é liderada por homem negro, filho de um africano. Americanah é mais um romance sobre raça nos Estados Unidos, mas é o romance que faltava. “Não se pode escrever um romance honesto sobre raça neste país [nos Estados Unidos da América]“, diz uma personagem afro-americana em Americanah. “Se escrevermos sobre como as pessoas são realmente afectadas pela raça, é demasiado óbvio.” Talvez esse romance “honesto” e “óbvio” só pudesse ser escrito por alguém estrangeiro e por alguém africano, como Chimamanda Ngozi Adichie. Escrito do ponto de vista de uma jovem mulher africana que, como aconteceu com a autora, vai estudar para os Estados Unidos, fala não só sobre as relações entre negros e brancos na América mas também sobre as relações – de admiração mútua, mas com muitos mal-entendidos – entre os negros africanos e os negros americanos.
A edição portuguesa de “Americanah”, pela D.Quixote
Chimamanda Ngozi Adichie tornou-se uma das mais conhecidas escritoras da sua geração na Nigéria e um dos nomes mais famosos da literatura africana, com o seu romance passado durante a guerra do Biafra, “Meio Sol Amarelo”. Tem 36 anos e uma ambição rara. Divide o tempo entre o seu país e os Estados Unidos, onde não tem parado de receber elogios e apoio para a sua obra, incluindo a cobiçada bolsa de 500 mil dólares da Fundação MacArthur.
Encontrei-a num canto sossegado de um hotel na Avenida da Liberdade, no centro de Lisboa, onde fazia a promoção da edição portuguesa de Americanah. Estava sentada, algo felina, numa poltrona, um lenço enrolando o cabelo coroava-lhe o rosto redondo, calmo. É uma