chica da silva
Entre 1763 e 1771, o casal Chica e João Fernandes morou na construção hoje conhecida com o nome de Casa da Chica da Silva. A relação dos dois, apesar mais intensa, não foi um caso isolado na fortemente hierarquizada sociedade do século XVIII. Era comum o envolvimento em homens brancos de destaque social e suas escravas. No entanto, os filhos destes relacionamentos não eram legalmente reconhecidos, permanendo em branco o nome do pai nas certidões de nascimento.
Chica tinha todos seus desejos atendidos pelo amante. Como não conhecia o mar, João Fernandes mandou construir em sua chácara, no bairro da Palha, um navio com capacidade para dez pessoas. O navio, com mastros e velas, navegava no lago da chácara junto a pequenos barcos disponíveis para os convidados das grandes festas que Chica oferecia à sociedade local. Um orquestra particular e um "Teatrinho de Bolso" eram outros luxos que embalavam as recepções.
Em 1770, João Fernandes foi obrigado a voltar para Portugal para prestar contas de sua atuação como contratador e rever o testamento deixado pelo pai, o que determinou o afastamento definitivo dos dois. A preocupação de Chica então voltou-se exclusivamente para o futuro das filhas: colocou-as no recolhimento de Macaúbas, considerado o melhor de Minas, de onde a maioria só saiu para se casar.
Embora nunca tenha se casado por impedimento legal, Chica conquistou prestígio na sociedade local e usufruiu bem das regalias antes exclusivas da senhoras brancas, mesmo depois do amante ter partido para Portugal. Uma das provas dessa inserção: ela pertencia às