Chica da silva
Chica era uma das poucas escravas que sabia ler e escrever. Supõe-se que seja filha de um senhor com uma escrava. Foi libertada a pedido do contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira. Dificilmente continuaria escrava, pois morava na Vila do Príncipe, com o presidente do Senado da Câmara, com o qual já se encontrava junto antes do contratador.
Tinha o poder de dominar os poderosos com toda a sua astúcia, era considerada uma autêntica mineira. Era conhecida como Chica que manda, pois todos os favores pedidos ao contratador teriam que passar pelo seu crivo.
Viveu e morreu no Arraial do Tijuco, atual distrito de Diamantina (MG).
A autenticidade de Chica também marcou a sua história, não apenas pelo seu poder de conquista e de mando que exercia sobre seus amantes, mas soube aproveitar as oportunidades em benefício dos seus desejos e excentricidades, por exemplo: castelo em estilo medieval em sua Chácara da Palha; ia à igreja coberta de diamante e acompanhada por doze mucamas ricamente vestidas; usava cabeleira anelada cobrindo sua cabeça raspada; tinha um pequeno navio para navegar no mar que mandou construir; era considerada uma patrocinadora da arte, afinal o único teatro permitido era de sua propriedade; banda de música à sua disposição; duas capelas; jardim de plantas exóticas importadas, cascatas artificiais, fontes, tanques para pescaria, etc.
Logo após sua alforria já era proprietária de um sobrado e alguns escravos, demonstrando que procurava inserir-se no mundo livre do arraial, incorporando seus costumes e adquirindo os necessários para se fazer respeitada. Chica seguia atentamente todos os hábitos das senhoras da elite mineira.
Seus desejos eram uma ordem. Os melhores lugares nos templos eram reservados para ela.