charge dois bons camarada

1753 palavras 8 páginas
A importância da charge “Dois bons camaradas” como expressão da imprensa brasileira frente ao início da Segunda Guerra Mundial

A Folha da Noite, jornal criado em fevereiro de 1921 sob a direção de Olival Costa e seu sócio Pedro Cunha, era inicialmente voltada às questões de São Paulo e concentrava temas populares e urbanos. Contudo, frente aos episódios que posteriormente culminariam na Segunda Guerra Mundial, os novos donos Octaviano Alves de Lima, Diógenes de Lemos e Guilherme de Almeida relançaram o periódico em 1931, com espaço para os acontecimentos do mundo, especialmente da Europa. Para cumprir sua proposta de cativar cada vez um número maior de leitores, o periódico destacava as charges em seu repertório, a fim de provocar a reflexão das camadas populares através do riso e da ironia, isto é; expondo aquilo que estaria oculto e construindo, através do humor, uma visão diversa sobre um acontecimento ou pessoa, revelando os traços singulares e morais daquilo caricaturado. Foi com base nesse raciocínio que o jornal contratou o então jovem caricaturista Benedito Bastos Barreto, conhecido como Belmonte, que produziu centenas de charges para o jornal. Belmonte nasceu em 15 de maio de 1896 na cidade de São Paulo e foi durante sua infância pobre que descobriu sua aptidão para o desenho, a partir de suas produções na escola e nos muros do bairro da Liberdade. Belmonte chegou a cursar Medicina na Faculdade de Medicina de São Paulo, mas largou o curso para dedicar-se ao desenho e ao jornalismo na Folha da Noite, onde se consolidou crítico ferrenho de toda a Era Vargas. Contribuiu ao Grupo Folha durante vinte e seis anos, até sua morte em 19 de abril de 1947. A Folha da Noite, que buscava construir uma visão crítica dos serviços públicos, uma vez tendo contratado por décadas um chargista de orientação política explicitamente contrária ao regime vigente, de certa forma apoiava ou ao menos concedia espaço para as críticas à Aliança Liberal de Getúlio

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