chai-na
“A palavra não deixa também de cumprir o imperativo dos tempos da Revolução Socialista: destruir para construir.”
Trata-se de um quebra-cabeças do qual vai emergindo a figura de uma
“paisagem transurbana” de lógicas extremas, cuja especificidade se manifesta ao rasgar o véu do show arquitetônico que parece replicar as políticas de image-making habituais no Ocidente.
Otília Arantes
Otília Arantes possui graduação em Filosofia pela UFRGS, mestrado em Filosofia pela USP e doutorado pela Université de
Paris I (Panthéon-Sorbonne). É professora aposentada de
Estética no Departamento de Filosofia da USP. Nos anos 80, dirigiu o Centro de Estudos de Arte Contemporânea (CEAC) e deu aulas de graduação e pós-graduação da FAU-USP. Publicou dezenas de artigos e vários livros, entre eles: “Chai-na” (EDUSP,
2011); “Desmanchando consensos” (com Carlos Vainer e Ermínia
Maricato, Vozes, 2000); “Urbanismo em fim de linha e outros estudos sobre o colapso da modernização arquitetônica” (Edusp,
1998).
Cidades como máquinas de crescimento
Partindo de antigas experiências de mundos sonhados que foram desmoronando ao longo de mais de um século de “ruínas do futuro”, o livro Chai-na procura interpretar a Nova China, tanto quanto as fantasmagorias do nosso tempo, expressas nas suas formas urbanas extremas. O próprio título já anuncia que se trata de uma leitura pelo avesso da tão alardeada modernização chinesa.
Segundo a autora, a máxima de Mao Tse Tung – “sem destruir não se constrói” – que servira de álibi para a desurbanização do país, ressuscitou, agora com sinal trocado: para a reconquista das antigas cidades e criança de novas.
Tudo isso, numa espécie de avalanche de proporções ciclópicas, com a mesma violência da ocupação, desde sempre predatórios, de territórios alheios. Que grandes projetos ou megaeventos, como Olimpíadas, sirvam de pretexto não chega a ser uma novidade, não fosse a escala e a rapidez com que