Cesario Verde
Cesário Verde
Andreia Pereira
Lembras-te tu do sábado passado,
Do passeio que demos, devagar,
Entre um saudoso gás amarelado } Adjetiv
E as carícias leitosas do luar?
Perí
Bem me lembro das altas ruazinhas, } cid
Que ambos nós percorremos de mãos dad
Às janelas palravam as vizinhas;
Tinham lívidas luzes as fachadas.
Não me esqueço das cousas que disseste,
Ante um pesado tempo com recortes; } si
E os cemitérios ricos, e o cipreste *
Que vive de gorduras e de mortes!
Andreia Pereira
* morte, luto, dor
Nós saíramos próximo ao sol-posto,
Mas seguíamos cheios de demoras;
Não me esqueceu ainda o meu desgosto
Nem o sino rachado que deu horas.
Tenho ainda gravado no sentido,
Porque tu caminhavas com prazer,} mulher
Cara rapada, gordo e presumido,
O padre que parou para te ver. } Descrição da cida
Como uma mitra a cúpula da igreja } Comp
Cobria parte do ventoso largo;
E essa boca viçosa de cereja
Torcia risos com sabor amargo } Mulher Per
Andreia Pereira
A Lua dava trêmulas brancuras,} passagem do
Eu ia cada vez mais magoado; tempo Vi um jardim com árvores escuras,
Como uma jaula todo gradeado! } comparação E para te seguir entrei contigo
Num pátio velho que era dum canteiro, E onde, talvez, se faça inda o jazigo
Em que eu irei apodrecer primeiro! }
Morte
Eu sinto ainda a flor da tua pele,
Tua luva, teu véu, o que tu és!
Não sei que tentação é que te impele
Os pequeninos e cansados pés.
Andreia Pereira
Sei que em tudo atentavas, tudo vias!
Eu por mim tinha pena dos marçanos,*
Como ratos, nas gordas mercearias,
Encafurnados por imensos anos!
Tu sorrias de tudo: os carvoeiros,
Que aparecem ao fundo dumas minas,
E à crua luz os pálidos barbeiros
Com óleos e maneiras femininas!
Fins de semana! Que miséria em bando
O povo folga, estúpido e grisalho!
E os artistas de ofício iam passando,
Com as férias, ralados do trabalho.
Andreia Pereira
* aprendiz de caixeiro
O quadro interior, dum que à candeia,
Ensina a