Cenários: águas desconhecidas à frente
Cenários: Águas Desconhecidas à Frente
Pierre Wack
As previsões são geralmente obtidas com base na hipótese de que o mundo do futuro será muito parecido com o de hoje. Elas geralmente funcionam porque o mundo não muda sempre. Mas cedo ou tarde as previsões falharão quando mais se precisa delas: na antecipação das principais mudanças no ambiente de negócios que tornam obsoletas estratégias completas. Segundo o autor, a maneira de resolver este problema não é procurar por melhores previsões através do aperfeiçoamento de técnicas ou pela contratação de especialistas em previsões melhores ou em maior número. O futuro não é mais estável: tornou-se um alvo móvel. Nenhuma projeção "correta" pode ser deduzida a partir do comportamento passado. A melhor abordagem é aceitar a incerteza, tentar compreendê-la e integrá-la ao nosso raciocínio. A incerteza hoje não é uma característica estrutural básica do ambiente de negócios. O método utilizado para refletir e planejar para o futuro deve ser apropriado para um ambiente de negócios diferente.
O autor apresenta o caso da Shell que em 1965, introduziu um novo sistema denominado "Planejamento Unificado de Maquinado" (UPM — unified planning ma-chinery) para fornecer detalhes de planejamento para toda a cadeia de atividades. O UPM era um sistema sofisticado e global, que abrangia um horizonte de seis anos: o primeiro ano em detalhe, os cinco seguintes em linhas gerais. Inconscientemente, os gerentes projetaram o sistema para desenvolver os negócios da Shell em um mundo familiar, previsível, de continuidade da situação existente.
A Shell, então, em 1971, decidiu experimentar o planejamento de cenários como uma estrutura potencialmente melhor para a reflexão sobre o futuro do que as previsões — que eram agora entendidas como um substituto perigoso para a reflexão real em épocas de incerteza e de descontinuidade